No final de 2012 em um passeio pelo nordeste, visitamos a família do meu marido, fizemos algumas reuniões de trabalho e percebemos que poderia ser uma boa oportunidade de expandir um dos nossos projetos profissionais. Seis meses depois meu marido mudou para Sergipe, e eu segui no sul. Ficamos por dois anos nos vendo e falando presencialmente a cada dois meses, e em julho de 2015 decidi me mudar também, de mala e cuia, filha, e cachorro. Na época minha filha estava com nove anos e havia iniciado numa escola nova em março e em julho outra escola nova, num estado com uma cultura bem diferente da nossa. Oito meses depois voltamos para o RS. Foi uma experiência e tanto, riquíssima em aprendizagens para a vida.
O mais interessante, e é o foco que quero abordar aqui, é que eu passei uma vida dizendo que jamais moraria no nordeste e que não tinha interesse nem mesmo em visitar.
Pois bem, me permiti viver uma experiência nova. A ideia de ir morar lá foi minha. Todos ficaram surpresos, eu mesma, inclusive. Entre as aprendizagens que essa experiência me proporcionou, esta é a que eu considero a mais importante: que às vezes não fazemos coisas novas com base em pressupostos.
Muitas vezes chegamos num ponto da nossa vida profissional (carreira), que requer a revisão do caminho que estamos seguindo, avaliando se ele nós levará onde planejamos chegar. Considerar mudar a rota, ou tentar pelo menos, criar condições para tomadas de decisão, pois teremos uma consciência e até mesmo de um cenário ampliados.
Mudar o caminho não significa desistir, ao contrário, isso pode garantir a chegada. Ou ainda podemos mudar de ideia quanto onde queremos chegar. Situações em que somos convidados a fazer diferente ocorre o tempo todo dentro das empresas.
O trabalho que eu realizo nas empresas me permitiu assistir muitas vezes profissionais sendo instigados a assumirem cargos de liderança ou novas áreas. Alguns aceitam e vão com força e atenção, estimulados não apenas pela empresa, mas por situações, demandas, oportunidade, que muitas vezes são feitas quase que sob medidas para eles. Outros se valem de argumentos que são pretextos, e decidem continuar, onde estão.
Voltando à minha história, hoje tenho a clareza de que as informações que eu tinha do nordeste não estavam erradas ou diferentes. Não é disso que se trata. O que eu não sabia era como eu seria naquele ambiente. Aquilo que não tem como (pré) ver, deduzir. Nunca tinha visto aquele mundo sob outra perspectiva. E para ter outra perspectiva eu teria que me dispor a mudar minha posição, ir lá, conhecer, saber, sentir a energia do lugar e das pessoas. E isso não dá para saber sem antes viver.
Este comportamento pode ser treinado. E refletindo agora, me dou conta que muitas vezes fui desafiada, mas que em algumas delas o resultado não foi bom e que mesmo assim, no final, fica a aprendizagem, a oportunidade de aprender e de me fortalecer até mesmo com as escolhas erradas.
Isso pode ser numa proporção menor, como a oportunidade que temos no nosso cotidiano e nem percebemos. Como experimentar outros sabores, outros ambientes, outras relações, outros trabalhos. E confesso que às vezes fico irritada com a acomodação das pessoas, por outro lado penso que isso ocorre porque deixamos as ações grandes demais, quando na verdade não precisam ser.
Pressuposto é pré supor algo, baseado em crenças, é uma opinião pré concebida de algo. E um pressuposto é que estamos seguros onde estamos. É uma sensação de conforto, mas o que nos garante que aqui é melhor que lá? Temos, somente, a experiência presente, a futura teremos que vivenciar.
Não coloco isso como superação, mas quem sabe como a busca por algo melhor do que temos. O que eu não esperava quando fui morar em Sergipe era encontrar pessoas interessantes acolhedoras, qualidade de vida, lugares incríveis e experiências muito diferentes do que eu vivia aqui. E o resultado foi uma bagagem repleta de experiências incríveis que me fortalecem ainda hoje.
É tudo isso e só isso.